Jazz no Blues Velvet

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Quem disse que Floripa não tem opções está bem por fora do que rola nas noites da Ilha.

Para quem curte um clima mais cult e alternativo, o Blues Velvet, ali no Centro, toda santa quinta-feira, apresenta JAZZ. Quem diria? O Jazz , uma manifestação artística-musical estadunidense, ter espaço fixo nos dias de hoje aqui em Floripa.

Um dos elementos essencias é a improvisação. E já há algum tempo, Ralph Warren Trio e convidados fazem isto e muito mais tocando os standartes do genêro. No palco: Ralph Warren (guitarra), Mauro Borghezan (bateria), Rafael Calegari (baixo) + Gian Thomasi (saxofone).

O Horário? O bar abre logo pelas 21h30, mas o show está marcado para às 22h. Ah! A entrada é bem em conta, apenas R$ 8,00.

O quê? Não conhece o Blues Velvet? Ai, ai, ai...
Vamos lá: a decoração lembra um pub britânico que mistura arte, cultura e criatividade. O espaço apresenta exposições fotográficas e artísticas; no telão vários videoclipes cults raros, raros mesmo. Ora são desenhos de época, vídeos de gentes esquisitas ou de músicas mesmo. Tipo aqueles vídeos que não se vê em qualquer canto.

Ah! Para quem gosta de uma boa cerveja, ali tem as melhores e com preço bem acessível. Por favor, reparem no cardápio na parede.

Quem já foi comente e quem não foi... vá e comente também!

Para chegar até lá, entre no portal Guia Floripa e veja o mapa.
Quer saber sobre outros bares na quinta? Acesse o Guia Floripa também.

Bons Ventos!!!

Olhe! A rua é mais do que uma rua...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

“Tenho que comprar leite”, “Não quero mais meu marido”, “Ai, meu Deus, tenho prova e vou chegar atrasada”, “Que saco subir esse morro todo dia”... na rua são pensamentos soltos e entrelaçados que se passam todo santo dia. Pessoas e pessoas que estão indo para todo lugar. Escola, trabalho, passeio. Gente preocupada, aliviada, estressada... Oh! Como são infinitos sentimentos no andar da rua.

Na minha rua, em especial, sempre que passo por ela sinto aquele cheiro gostoso de conforte, sabão em pó... cheiro de roupa limpa. A lavanderia de porta rosa. Todos os dias vejo aqueles gatos em meio às roupas dos vários universitários, meninos e meninas que, ou tem preguiça de encarar o tanque, ou é folgado mesmo.

E a lavanda que dona Marieta mergulha na roupa se alastra pelos quarteirões inteiros. Emanando aquele cheiro gostoso, que até bate aquela saudade de casa, da mãe e do aconchego do lar, que pelo destino é em outra rua, bem, bem distante.

Mas todo santo dia, a lavanderia está cheia. Cheia de roupa suja e imunda. E cheia de gente de todo lugar do mundo. E os gatos pretos, pardos, malhados, brancos fitam o meu passar todo santo dia.

Eles são os donos das ruas. Lembro de madrugada. Quem está nos arredores são os gatos. Benditos gatos. E a rua de casa fica sempre mais bela.

Ah! O cheiro. As ruas tem uns odores peculiares. Ali na rua de casa, além do cheirinho bom de roupa limpa, tem o cheiro das rosas de um quintal bem cuidado, da dona Lua. Rosas brancas, vermelhas, flores espetaculares que desconheço... são seres que perfumam a minha pequena rua ladrilhada de hexágonos de concreto. Apesar do cimento cinza é imersa de cores.

Sempre uma vez e outra também me passa rostos familiares na rua perfumada. Possíveis vizinhos, passantes com o mesmo horário, rostos que acabam se tornando conhecidos. E de repente, você se vê proclamando um belo bom dia, um oi tímido e até um: “e aí vizinho! Tudo bem?”.

Ruas perfumadas. Oh! A rua de casa é tão bela. E as pessoas que passam por ela são mais belas que as feras. Pessoas perfumadas andando pela rua perfumada. E todo dia buscando algo. Indo para algum canto. Vidas que em um momento se entrelaçam e se passam tão perto uma da outra. Que chega a sentir a energia dela, a aura, o humor do dia, e até consegue perceber qualidades e defeitos, entre um passar e outro. Coincidência engraçada! Passar pelas ruas e ver as mesmas pessoas.

Querendo ou não a rua sempre está ali: parada e móvel. Ela é a passarela de todo infortúnio e alegria. Todo desatino e felicidade. É através da bendita rua que vivemos a nossa vida, é por ela que chegamos na casa do bem amado, do emprego e deslumbramos a beleza da natureza.

É engraçado como algumas cidades têm suas ruas tão diferentes. Florianópolis tem um quê para morro, percebe-se logo que rua plana é balela por aqui. Aliás, ando bem, tropeço e encaro a rua todo santo dia. Desce o morro, sobe o morro.

A rua vai se esvaindo até se transformar em servidão. Como há ruas assim pela Ilha da Magia. Parece até que são feitas de pouquinho em pouquinho. É delirante. Servidão, travessa... são ruazinhas, filhas das avenidas. Talvez até há uma certa inveja. O movimento não é o mesmo e nem poderia ser. A servidão tão pequenina olha a grande avenida com certo desamor. E reza para que um dia, seja assim como ela. Cheia de bastante carros e milhares de pessoas: indo e vindo, indo e vindo.

Terra, cimento, sol, lixo, pobreza, esgoto, idosos, crianças.. rua, avenida, servidão, travessa, beco, gueto... Tudo bem no meio da rua.



Foto: Capa de 1908


(Crônica inspirada na obra A Alma Encantadora das Ruas escrita por um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro, João do Rio, que nasceu no dia 5/8/1881 e morreu no dia 23/6/1921)